sexta-feira, julho 22, 2005

Sumario



Estoy contento con tantos deberes
que me impuse, en mi vida
se amasaron extraños materiales:
tiernos fantasmas que me dispeinabam,
categóricas manos minerales,
un viento sin razón que me agitaba,
la espina de unos besos lacerantes, la dura realidad
de mis hermanos,
mi deber imperioso de vigía,
mi inclinación a ser sólo yo mismo
en la debilidad de mis placeres,
por eso - agua en la piedra - fue mi vida
cantando entre la dicha y la dureza.

Pablo Neruda, Plenos Poderes

Now is a ship...



now is a ship

which captain am
sails out of sleep

steering for dream

E. E. Cummings

Da solidão...



A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflecte. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as que são o património de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre.
Vinicius de Moraes, Para Viver Um Grande Amor

terça-feira, julho 19, 2005

Grita!!!

domingo, julho 17, 2005

Uma estátua...



Estátua,
Desenhada para sempre
Brilhas à luz do luar
Alisada pelo vento
Voas no mesmo lugar
Eu sei
Estátua,
Parada e silenciosa
Olhas para mim receosa
que perceba o teu enredo
que te descubra o segredo
é que eu sei
Eu sei,
Qual é o teu maior medo
é que eu pare também
e passe a ser um rochedo
e deixe de ser alguém
também
é que eu sei, eu sei
Selvagem competição
Começaria então
Eu desenhada por Deus
Tu por um coração

Madredeus, Um Amor Infinito

quinta-feira, julho 14, 2005

Love is a place...



love is a place
& through this place of
love move
(with brightness of peace)
all places

yes is a world
& in this world of
yes live
(skilfully curled)
all worlds

E. E. Cummings

quarta-feira, julho 13, 2005

Adiamento



Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espectáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espectáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...

Álvaro de Campos

sábado, julho 09, 2005

Aniversário



No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Álvaro de Campos

sexta-feira, julho 08, 2005

Time flies...



It's been such a funny day
I don't know why
Walking on an endless lane
Life passing me by
Tomorrow is calling
But I'm dragging my feet
The skies are indecently clear
But I can't stand the heat
Sleepwalking in a haze
Stumbling like a child
Dragons that I used to chase
Tease me from inside
The future's uncertain
Just like yesterday
Memories of heaven
Can't be taken away

You know, time flies
And the rebels, one day
They all go quiet
Ain't no money, ain't nobody
That can buy you peace of mind

They say you can learn from your mistakes
It's a lie
My redemption has been staged
Numerous times
But the angels of passion
Still taunt me, in my sleep
They keep throwing petals and thorns
Underneath my feet

You know, time flies
And the rebels, one day
They all go quiet
Ain't no money, ain't nobody
That can buy you peace of mind

Vaya con Dios
, Time Flies

quinta-feira, julho 07, 2005

Ternura...



Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.

Vinicius de Moraes
, Antologia Poética

Estou cansado...



Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

Álvaro de Campos

terça-feira, julho 05, 2005

Paper chains...



I’ve just fallen down
My wings are tumbling
I can’t control it

I’ve lost my way
‘Cause I kept looking back…
To me

I can’t go on like this
My words are fighting me
Not anymore… anymore
Enough of these paper chains

I’ve just fallen down
My wings are tied to the ground

I’ve fallen down

I can’t go on like this
My words are fighting me
Not anymore… anymore
Enough of these paper chains

I’ve fallen down

I can’t go on like this
My words are fighting me
Not anymore… anymore
Enough of these paper chains

The Temple, Diesel Dog Sound

As mãos...



Que tristeza tão inútil essas mãos
que nem sequer são flores
que se dêem:
abertas são apenas abandono,
fechadas são pálpebras imensas
carregadas de sono.

Eugénio de Andrade

segunda-feira, julho 04, 2005

Como uma ilha...



Tu és todos os livros,
Todos os mares,
Todos os rios,
Todos os lugares.
Todos os dias,
Todo o pensamento,
Todas as horas
O teu corpo no vento.
Tu és todos os sábados,
Todas as manhãs,
Toda a palavra
Ancorada nas mãos.
Tu és todos os lábios,
Todas as certezas,
Todos os beijos
Desejos, princesa.

Como uma ilha,
Sozinha...

Prende-me em ti,
Agarra-me ao chão,
Como barcos em terra
Como fogo na mão,
Como vou esquecer-te,
Como vou eu perder-te,
Se me prendes em ti,
Agarra-me ao chão,
Como barcos em terra,
Como fogo na mão,
Como vou eu lembrar-te
Se a metade que parte
É a metade que tens.

Tu és todas as noites
Em todos os quartos,
Todos os ventos
Em todos os barcos.
Todos os dias
Em toda a cidade,
Ruas que choram
Mulheres de verdade.
Tu és só o começo
De todos os fins,
Por isso eu te peço
Fica perto de mim.
Tu és todos os sons
De todo o silêncio,
Por isso eu te espero
Te quero e te penso.

Como uma ilha,
Sozinha...

Pedro Abrunhosa e os Bandemónio, Silêncio

Influências do fim de semana... ehehehehe

sexta-feira, julho 01, 2005

Breaking the habit


Posted by Hello
Memories consume
Like opening the wound
I'm picking me apart again
You all assume
I'm safe here in my room
Unless I try to start again

I don't want to be the one
The battles always choose
cause inside I realize
That I'm the one confused

I don't know what's worth fighting for
Or why I have to scream
I don't know why I instigate
And say what I don't mean
I don't know how I got this way
I know it's not allright
So I'm
Breaking the habit
I'm breaking the habit
Tonight

Clutching my cure
I tightly lock the door
I try to catch my breath again
I hurt much more
Than anytime before
I had no options left again

I don't want to be the one
The battles always choose
cause inside I realize
That I'm the one confused

I don't know what's worth fighting for
Or why I have to scream
I don't know why I instigate
And say what I don't mean
I don't know how I got this way
I'll never be allright
So I'm
Breaking the habit
I'm breaking the habit
Tonight

I'll paint it on the walls
cause I'm the one at fault
I'll never fight again
And this is how it ends

I don't know what's worth fighting for
Or why I have to scream
But now I have some clarity
To show you what I mean
I don't know how I got this way
I'll never be allright
So I'm breaking the habit
I'm breaking the habit
I'm breaking the habit
Tonight

Linkin Park, Meteora

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