quarta-feira, março 29, 2006

As janelas



As janelas
por onde entram as silvas,
a púrpura pisada
o aroma das tílias, a luz
em declínio
fazem deste abandono
uma beleza devastadora
e sem contorno.

Eugénio de Andrade, Próximo al decir

Primavera



Se já não torna a eterna primavera
Que em sonhos conheci,
O que é que o exausto coração espera
Do que não tem em si?

Se não há mais florir de árvores feitas
Só de alguém as sonhar,
Que coisas quer o coração perfeitas,
Quando, e em que lugar?

Não: contentemo-nos com ter a aragem
Que, porque existe, vem
Passar a mão sobre o alto da folhagem
E assim nos faz um bem.

Ricardo Reis

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