Charneca em flor
Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...
Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu bruel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!
Florbela Espanca
1 Comments:
Há muita coisa da Florbela Espanca que não gosto muito,esta sim...e da imagem,sou do mar,muito, mas gosto do campo...lembrei-me que é uma das razões porque gosto de ilhas,dos Açores,por exemplo e doutras,não nacionais...se calhar é da harmonia,sei lá!
beijo
Ana
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